Limpeza e desbridamento de feridas

Limpeza e desbridamento de feridas

A terapia tópica é apropriada para viabilizar o processo fisiológico na reparação tecidual. O processo sistêmico é embasado na ciência da fisiologia de reparação tecidual e delineado nos seguintes princípios: retirar tecidos necróticos e corpos estranhos do leito da ferida; reconhecer e remover processos infecciosos; extinguir espaços mortos; absorver o excesso de exsudato; conservar o leito da ferida úmido; propiciar o isolamento térmico e proteger a ferida de traumas e invasão bacteriana. 

Dentre as etapas que constituem a terapia tópica estão a limpeza e a cobertura. A remoção da necrose e de corpos estranhos do leito da ferida são um dos pontos essenciais e dos mais relevantes componentes durante o processo de tratamento da ferida. No ponto de vista de Yamada, enquanto a limpeza compreende o uso de fluidos para eliminar bactérias, fragmentos, exsudato, corpos estranhos, resíduos de agentes tópicos, o desbridamento representa a extração de tecidos necrosados aderidos ou de corpos estranhos do leito da ferida, usando técnicas mecânica e/ou química.

A limpeza

A limpeza da ferida deve ser executada com técnica e fluido que minimize trauma mecânico e químico. As soluções empregadas precisam ser aquecidas, visando reduzir a temperatura no leito da ferida, lembrando que a temperatura constante de 37 graus estimula a mitose durante a granulação e epitelização.

Vale ressaltar que a Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR) recomenda o uso de irrigação suave da solução nas feridas granuladas e limpas, com o intuito de não danificar o tecido neoformado. No cenário nacional, ela é feita com o uso da agulha de calibre 12 e seringa de 20 ml, ou frasco de soro perfurado. Já nas feridas profundas, estreitas ou com espaço morto, um cateter conectado a uma seringa é introduzido e irrigado. 

Dentre as soluções aplicadas estão a água, solução fisiológica ou de papaína, o importante é apenas que seja de qualidade e ausente de contaminantes. Suscita-se também que não há necessidade a aplicação de soluções isotônicas na limpeza de feridas devido o curto tempo de contato com a área superficial da lesão.

O desbridamento

O desbridamento é um método de extração de corpos estranhos e tecidos desvitalizados ou necróticos cujo objetivo é a limpeza, proporcionando as condições ideais para a cicatrização. Existem vários tipos e sua aplicação converge com as necessidades de cada paciente, levando em consideração as indicações, contra indicações, vantagens e desvantagens.

Na lista estão em evidência: o desbridamento autolítico, procedimento que opera com os próprios leucócitos e enzimas para a degradação do tecido necrótico; desbridamento enzimático ou químico, que aplica enzimas proteolíticas para estimular a degradação do tecido desvitalizado; desbridamento mecânico, no qual a retirada dos tecidos desvitalizados é feito com o uso da força física; e por fim, desbridamento cirúrgico/instrumental, efetuado com tesoura ou lâmina de bisturi, e em conformidade a lesão e as condições do paciente pode ser realizada a beira do leito, ambulatório ou centro cirúrgico. 

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