Perdas na produção de alimentos

Perdas na produção de alimentos

As perdas e os desperdícios de alimentos representam um importante retrato da ineficiência dos sistemas alimentares. O mundo reconheceu o problema. Uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) diz que em 2030, devemos reduzir pela metade as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita e também o desperdício global de alimentos per capita no varejo e no consumo.

As perdas e os desperdícios de alimentos ocorrem ao longo de toda a cadeia de valor agrícola e em todas as fases da produção até chegar à mesa. Dados revelam que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos e desperdiçados por ano no mundo, o equivalente a 24% de todos os alimentos produzidos para o consumo humano. Essas estimativas englobam toda a cadeia de valor. As perdas na produção, no armazenamento e na manipulação somam mais de 520 milhões de toneladas, o equivalente a quase 8% dos alimentos produzidos. As perdas na agricultura e durante o armazenamento são especialmente mais elevados nos países mais pobres, superior a um bilhão de toneladas, ou quase 12% de tudo que é produzido na África.

O alto índice de perdas de alimentos nos países pobres muitas vezes acontece devido a tecnologias de colheita e pós-colheita insuficientes obsoletas; armazenamentos precários, lamentável, muitas vezes o transporte, o processamento e as instalações de refrigeração são inadequados; e faltam infraestrutura e sistemas eficazes de embalagem e comercialização.

Melhorar as instalações de armazenamento e manuseio também contribui para sanar deficiências sazonais suaves e preservar o conteúdo de nutrientes, isso aumenta a estabilidade do abastecimento alimentar, bem como a qualidade dos alimentos e sua utilização. As perdas estão diretamente ligadas a quatro dimensões da segurança alimentar: disponibilidade, acesso, uso e estabilidade.

A introdução de soluções técnicas é mais eficaz quando outras partes da cadeia de abastecimento alimentar também está funcionando corretamente. A melhoria no armazenamento pode ter pouco impacto sobre a perda de alimentos se, por exemplo, os agricultores não têm acesso aos mercados para vender os produtos. É fundamental reforçar o investimento em infraestrutura, embalagens, transporte e comercialização. Os baixos preços recebidos pelos agricultores e a falta de instrumento de gestão de risco pode desencorajar a adoção de inovações técnicas e de gestão, mesmo quando esses instrumentos estão disponíveis e são conhecidos.

Os desperdícios de alimentos estão efetivamente ligados à demanda do consumidor, que evolui constantemente e é influenciado por muitos fatores culturais e sociais que nem sempre seguem racionalidade econômica ou ecológica. Sendo assim, a consciência do consumidor é um passo fundamental para melhorar as habilidades em planejamento alimentar, compra e consumo. Levar essas questões para as escolas e criar políticas públicas são importantes pontos de partida. Outra opção é desenvolver mercados para os produtos considerados de qualidade "inferior" e usar medidas para influenciar os padrões de qualidade consideradas pelo consumidor.

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