A procura por atendimento clínico de crianças e adolescentes costuma partir da família. Nas entrevistas, ao relatarem a história da criança, frequentemente, nota-se que os pais têm algo a dizer que a criança não pode escutar, e mesmo longe dela, alteram ou omitem fatos ou partes de eventos ocorridos com a criança ou familiares.

As vivências na clínica demonstram as sequelas do que deveria ter sido falado e não foi. Comprovando-se como a decisão de deixar a criança na ignorância tem um preço, pois sem a verbalização, as chances de elaborar diminuem ou faltam por completo; então, é bem provável que o que não foi falado retorne, gerando inibições, sintomas ou angústia à criança.

Os pais têm um papel fundamental no tratamento, pois, o discurso da criança é atravessado pelo discurso de seus pais. Um dos objetivos da análise séria, então, o de permitir a criança separar-se do sintoma familiar. Embora a participação dos pais seja essencial ao tratamento, o tratamento é da criança e é com ela que, fundamentalmente, o analista deve trabalhar. Ao incluí-los na sessão, pensa-se em produzir um efeito analítico que permita a continuação da análise da criança.

Fica a questão, que pendura até os dias atuais, da criança poder ser sujeito do próprio discurso. Ou seja, é porque a criança tem suas produções inconscientes que a psicanálise com crianças é possível. A criança é muito propícia para o tratamento analítico; os resultados são seguros e duradouros.

Entre as primeiras discussões sobre o assunto, as formulações teórico-clínicas feitas por Anna Freud, representam uma das primeiras tentativas de se pensar à psicanálise com crianças, requerendo do analista um posicionamento diferente do ocupado em relação ao adulto, especialmente no que se refere às condições necessárias para o tratamento.

Com o decorrer do tempo, um novo método de Psicanálise Infantil foi desenvolvido através do jogo, do brinquedo, do desenho e do recorte. Afirmando que a análise através do brincar leva os mesmos resultados que a técnica de adultos, com uma única diferença, a saber, que o procedimento técnico é adaptado à mente da criança.

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