História da tomografia computadorizada

História da tomografia computadorizada

Falar de tomografia computadorizada é falar de Röntgen, seus trabalhos e suas dificuldades inerentes ao exame do corpo humano. Ver por dentro sempre foi o grande objetivo, isto é, sem abrir o paciente. Objetivo que começou a se tornar realidade com os raios X, melhorou com a ultrassonografia e que teve grande salto de qualidade quando alguém resolveu tentar acoplar um computador a cristais sensíveis a radiações para construir imagens do interior do corpo.

Desde a sua descoberta, no final do século passado, os raios X têm sido utilizados como método de diagnóstico em medicina, através da radiografia e da radioscopia. Com o passar dos anos, o diagnóstico radiológico passou por significativo avanço tecnológico, pela produção de aparelhos de maior potência e qualidade, resultando em melhor aproveitamento da radiação. Um dos momentos mais importantes dessa evolução foi a introdução do computador, utilizando para a realização de cálculos matemáticos a partir da intensidade dos fótons de raios X.

Ambrose e Hounsfield, em 1972, apresentaram um novo método de utilização da radiação para medir descontinuidade de densidades, obtendo imagens, inicialmente do cérebro, com finalidade diagnósticas. Neste método, cujo desenvolvimento transcorria há 10 anos, seriam feitas diversas medidas de transmissão dos fótons de raio X, em múltiplos ângulos e, a partir desses valores os coeficientes da absorção pelos diversos tecidos seriam calculados pelo computador e apresentados em uma tela como pontos luminosos, variando do branco ao preto, com tonalidades intermediárias de cinza. Os pontos formariam uma imagem correspondente a uma seção axial do cérebro, que poderia ser estudada ou fotografada, para avaliação posterior.

Reza a lenda que Hounsfield, engenheiro da EMI Ltd, com liberdade total para desenvolver pesquisas, estava realizando um trabalho para a Scotland Yard, sobre a possibilidade de utilizar o computador para a reconstrução de "retratos falados" de criminosos, identificação de escrita e impressões digitais, entre outras atividades de uso policial, ou seja, padrões de reconhecimento. Ao final de alguns anos de pesquisa, a polícia londrina desistiu do projeto, achando-o sem utilidade. Ficou o autor com anos em reconstruções matemáticas nas mãos. Ambrose, neurorradiologista, uniu-se ao grupo de trabalho, questionando se o material serviria para ver o interior craniano. Hounsfield acreditava que um feixe de raios X continha mais informação do que aquela que era possível capturar com um filme e pensou que um computador talvez pudesse ajudar a obter mais informação.

Experiente com radares, Hounsfield era interessado em computadores, foi o criador do primeiro computador totalmente transistorizado da Inglaterra. E já tinha ideias de estudar o interior de objetos tridimensionais a partir da reconstrução obtida pela absorção heterogênea de radiação pelos diferentes componentes. Criou o protótipo e inicialmente usou uma fonte de amerício-241, emissora de raios de gama. O tempo de aquisição da imagem foi de nove dias e o computador levou 150 minutos para processar uma simples imagem.

Essas primeiras imagens foram mostradas no congresso anual de British Institute of Radiology, em 20 de abril de 1972. As reações foram empolgantes, a comunidade médica ali reunida não percebeu nem teve noção da revolução que se aproximava. O primeiro tomógrafo do Brasil foi instalado em São Paulo, no Hospital da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência, em 1977. Logo depois, o primeiro aparelho do Rio de Janeiro iniciou seu funcionamento, em 28 de julho de 1977, na Santa Casa de Misericórdia.

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