Dengue: as alterações hematológicas no organismo

Dengue: as alterações hematológicas no organismo

Embora não seja uma doença atual, a dengue tem se tornado uma grande preocupação para a área da saúde e a população como um todo, devido a quantidade de casos, a dificuldade no controle e as suas consequências. Além do mais, hoje existem outras enfermidades transmitidas pela picada do mesmo mosquito transmissor do vírus, o aedes aegypti: a zica e a chikungunya.

Segundo o Ministério da Saúde, a dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica, e de grave quando se apresenta na forma hemorrágica. Considerada uma doença tropical, a enfermidade é transmitida pelo mosquito aedes aegypti, proliferado nas condições ideais por meio dos lixos orgânicos e o acúmulo de água em recipientes.

Os sintomas vão desde mal-estar, dores no corpo e de cabeça, febre, náuseas, disenteria, vermelhidão no corpo e coceira. O prognóstico possui graus semelhantes, mas cada um com suas peculiaridades que podem ajudar a diferenciá-las, ainda assim as três doenças necessitam de cuidados severos. 

Alterações hematológicas

É possível identificar no hemograma dos pacientes com dengue alterações hematológicas, como hemoconcentração, leucopenia, plaquetopenia e alterações de hemostasia sanguínea com presença frequente de manifestações hemorrágicas. Em alguns casos, as alterações estão vinculadas a gravidade da doença e alertam a necessidade de intervenção terapêutica, a fim de reduzir a mortalidade.

Pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) avaliaram, por meio de uma pesquisa, 543 prontuários de pacientes atendidos no Hospital-dia Professora Esterina Corsini, unidade referenciada para o atendimento de casos de dengue. Dentre estes, 57,1% eram do sexo feminino e na faixa etária entre 13 a 48 anos.

Nos resultados, do total de pacientes, 90,2% (IC 95% 87,7 - 92,7) apresentaram DC e 9,8% (IC 95% 7,3 - 12,3) tiveram FHD. Não houveram casos de FHD de gravidade clínica máxima ou óbito, sendo que os quadros mais leves foram mais frequentes no DC (46,9%). 68,5% apresentaram número de plaquetas inferior a 150.000/mm³ e 191 apresentaram hemorragia. 

Referente ao número de leucócitos, analisou-se que 69,8% dos pacientes apresentaram número de leucócitos inferior a 4.000/mm³.Dos 543 pacientes, ocorreu linfopenia em 67,8%, sendo que 363 (66,9%) apresentaram linfócitos atípicos. Foi identificada uma  alta frequência de leucopenia (69,8%) e de trombocitopenia (68,5%) neste estudo.

A história

O médico Infectologista, PhD em Imunologia e Doenças Infecciosas e professor da Faculdade de Medicina da Unifesp/SP, Roberto Badaró, menciona que a epidemia de dengue, muito diferente do que a maioria pensa, não teve início neste século, e que é na verdade milenar. "O pai da medicina, Aristóteles, em 320 a.C. já falava de doenças e de febres causadas por mosquitos. Em mil anos, podemos afirmar com tranquilidade que as arboviroses já mataram mais que todas as guerras mundiais, e a gente ainda continua sofrendo com isso".

As consequências

Recentemente descobriu-se que existe relação entre a infecção pelo zika em gestantes e o nascimento de bebês com microcefalia, uma condição neurológica em que a criança nasce com a cabeça significativamente menor do que a média para a sua idade e sexo. 

E, só no ano de 2015, conforme o boletim epidemiológico propagado pelo Ministério da Saúde, foram registrados 2.975 casos suspeitos de microcefalia. A suspeita girava em torno da quantidade de casos, foram 781 entre 2010 e 2014. Em 2016 não cessou, foi só aumentando os números. Em relação a dengue os dados não foram diferentes, o levantamento foi do índice recorde de 1.6 milhão de pessoas, só no ano de 2015, o maior desde os anos 90.

Outro fator que a epidemia afeta é o econômico, pois por afetar uma grande quantidade de pessoas, consequentemente gera mais hospitalizações e prejuízos à saúde pública e, também, ao mercado de trabalho. O diagnóstico clínico vai desde um quadro leve, com tratamento médio de uma semana, até a presença de falência hemodinâmica e óbito.

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