As toxicomanias
Segundo Santiago (2001), o termo toxicomania surge da psiquiatria, em meados do século XIX, quando passou a ser considerado, de forma isolada, como uma categoria clínica distinta, interligada à inclinação impulsiva e aos atos maníacos. No período, os médicos se esforçaram para decifrar o fenômenos e o resultado disto foi a criação de uma lista de critérios diagnósticos, descrevendo a ligação e a dependência que os indivíduos estabeleciam com uma ou mais substâncias psicoativas.
Conforme os dizeres psiquiátricos, a toxicomania sob o ponto de vista psicanalítico é efeito de um discurso, geralmente inserido no universo capitalista. Em um quadro descrito pela psiquiatria nos parece não ter sujeito em questão, e sim o resultado de uma interação específica entre organismo e ambientes diversos.
No contexto da atividade clínica, a psicanálise se assegura de que a manifestação toxicomaníaca não é exclusiva de determinada estrutura. Como suscita Gianesi: "um psicótico, um neurótico ou um perverso podem fazer uso problemático de drogas, e então serem classificados, a partir da referência médica, como quem sofre de transtorno de dependência de substâncias psicoativas (DSM-IV, 1994)".
Nesses termos, a estrutura antecede qualquer manifestação, nascendo no momento fundante do sujeito. Em outras palavras, a relação do sujeito com as drogas está atrelado ao seu modo estrutural. Assim sendo, situar a toxicomania no campo psicanalítico é uma prática que o analista realiza ao admitir a existência de um fenômeno bem caracterizado, além de permanecer marcando a visão ética dessa abordagem, sem insistir em uma manifestação às vezes inacessível à clínica um conceito da psicanálise.
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Referências:
GIANESI, Ana Paula Lacorte. Psychê, São Paulo , v. 9, n. 15, p. 125-138, jun. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382005000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 02 ago. 2019.