A obesidade é uma doença crônica causada por muitos fatores. O excesso de gordura em conjunto com outros problemas de saúde, como é o caso do diabetes, da pressão alta, problemas renais, de articulação/locomoção e psicológicos, pode agravar o quadro. Em alguns casos, uma dieta rigorosa paralela a atividade física permitem com que a situação se reverta, mas no último dos casos só é possível apenas com a cirurgia bariátrica.

Conhecida também como redução de estômago, a cirurgia bariátrica condiciona o ser humano a reorganizar os seus hábitos alimentares, tudo isso devido o espaço limitado de absorção de alimentos, o que acaba ocasionando na redução do peso. Entretanto, para chegar a esse procedimento é preciso que o paciente tenha as condições clínicas monitoradas e o Índice de Massa Corpórea (IMC) igual ou superior a 40, enquadrando como obesidade grau III. 

A cirurgia bariátrica

O Conselho Latino Americano de Obesidade reconhece três técnicas cirúrgicas, sendo elas a gastroplastia vertical com bandagem, a banda gástrica inflável e a gastroplastia com derivação gastro-jejunal. Hoje, a mais empregada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é a derivação gástrica-jejunal em Y-de-Roux, que associa a redução do reservatório gástrico e a restrição ao seu esvaziamento pelo anel de contenção. (MOURA-GREC, 2012).

Nesta etapa, o paciente bariátrico necessita de acompanhamento psicológico, principalmente para moderar a ansiedade. Entre as mulheres ele é ainda mais indicado, pela tendência a se sentir inferior mediante os padrões ditados pela sociedade. O número de operações tem aumentado e, também, algumas consequências negativas, tais como hiperparatireoidismo e osteoporose, regurgitação crônica, deficiências nutricionais, problemas renais e problemas bucais.

A saúde bucal

Na condição dos pacientes bariátricos existem relatos que apresentam manifestações bucais resultantes da cirurgia ou a condições interligadas a ela. A própria ansiedade pode impactar a saúde bucal, levando a implicações periodontais e interferindo no sono e na alimentação do indivíduo. 

Outra fator é o refluxo esofágico, podendo ser um dos fatores para a erosão dental, devido o contato dente/suco gástrico ser muito ácido e causar dissolução da hidroxiapatita, um mineral existente na composição do esmalte dental. Esses tendem a possuir a maior incidência de erosões dentárias, aftas, ardência bucal, sensibilidade dentária e gosto azedo.

 A xerostomia é mais um sintoma da intervenção bariátrica. A hipossalivação ou boca seca, decorrente da redução do pH salivar, pode também ser causada pela ingestão de medicamentos com ansiolíticos e em sua maioria responsável por cáries recorrentes (MORAES et al., 2014)

Assim sendo, a saúde bucal destas pessoas depende de múltiplas alterações comportamentais, considerando que estavam acostumados a ter uma alimentação gordurosa e em grandes quantidades, mas que após a operação obriga-se a alterações. Agora, se alimentando em menor em quantidade e com uma frequência maior precisa-se de uma atenção especial com a higienização bucal.

Entretanto, em outros casos, a transformação na aparência possui total impacto positivo, o que acarreta em uma maior valorização da vida, aumento da sensação de força pessoal, melhor perspectiva na relação social, autoestima elevada e, consequentemente, maiores cuidados e preocupação com a dieta e higiene bucal. 

Portanto, uma atuação interdisciplinar deve auxiliar o paciente para não só emagrecer, mas restabelecer o seu padrão de vida, promovendo a saúde física, mental e psíquica, e dentro disso que os cuidados odontológicos devem vir, sempre conectado com as demais áreas da saúde. 

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Referências:

MORAES, Aline Bellote de; GASPARETTO, André; LOLLI, Maria Carolina Gobbi dos Santos; LOLLI, Luiz Fernando..Cirurgia bariátrica e fatores relacionados à saúde bucal. Brazilian Journal of Sugery and Clinical Research. Paraná, v.5, n.1, p. 05-13, Dez 2013- Fev 2014. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20131130_151948.pdf. Acesso em: 20  Ago. 2019. 

MOURA-GREC, Patrícia Garcia et al . Consequências sistêmicas da cirurgia bariátrica e suas repercussões na saúde bucal. ABCD, arq. bras. cir. dig.,  São Paulo , v. 25, n. 3, p. 173-177,  Sept. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202012000300008&lng=en&nrm=iso> . Acesso em:  20 Ago. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-67202012000300008.